Intérprete soprano dramática que há mais de 30 anos tem se dedicado ao canto lírico, alcançou reconhecimento nacional ao lançar em 31 de março de 2000, no Teatro Castro Alves (Salvador-BA), o cd Okan Awa, cânticos de tradição em yorubá, em homenagem ao centenário de nascimento de sua avó, Maria Bibiana do Espírito Santo, célebre iyalorixá do Ilê Axé Opô Afonjá, uma das primeiras comunidades de matrizes africana de origem Ketu na Bahia. Nascida em Salvador, é uma das filhas de Deoscóredes Maximilliano do Santos resultado da sua segunda união com Edvaldina Falcão dos Santos. Conhecido como Mestre Didi, foi escritor, educador, artista plástico e Alapini, título do mais alto sacerdócio do culto de egungun (ancestrais masculinos na tradição yorubá), descobriu na década de 60 que sua família pertencia a linhagem direta de uma das famílias fundadora do reinado de Ketu na Nigéria, na década de 80 fundou o Ilê Asipa, comunidade de matriz africana que cultua os ancestrais.
Graduada em Dança pela Universidade Federal da Bahia, com mestrado em Artes Teatrais pela Universidade de Ibadan na Nigéria, doutora em Educação pela USP e livre docente na área de Práticas Interpretativas pela Universidade Estadual de Campinas. A técnica e o aperfeiçoamento vocal de Inaicyra foram adquiridos por meio de cursos sobre a arte lírica com professores como Suzel Cabral, Neide Thomaz, Glédis Spiere, Indira Menezes e a maestrina Vera Olivero. Participou do coral da Universidade de Ibadan com o maestro Oyesiku e a sua primeira apresentação solo foi no Departamento de Artes Teatrais na Opereta Royal Jester de Smyth Cooper no papel da princesa, em 1986. Enquanto, que o primeiro recital foi realizado pela ABAL-Associação Brasileira “Carlos Gomes” de Artistas Líricos, no Centro de Ciências, Letras e Artes de Campinas, em 1992. Nessa época, acredita que devido a sua vivência com a tradição dos cantos negro spiritual e os cantos da tradição dos orixás, inspirou-se em uma forma de comunicação, a transcendência na interpretação dos poemas míticos yoruba os orikis.
O resultado desse estudo foi concretizado com o lançamento do CD Okan Awa: Cânticos da Tradição Yorubá. As adaptações foram realizadas por Inaicyra Falcão, Beto Pelegrino e Paulo Adache. Inaicyra considera que Okan Awa (Nosso Coração) tem contribuído e inspirado outros profissionais no aprofundamento da reflexão do trabalho do artista cênico, orgânico e plural, o qual ancora-se na dinâmica de uma cultura tradicional e contemporânea, recriando uma memória, uma identidade”. Ao longo de sua trajetória tem participado de atividades artísticas, congressos nacionais e internacionais. Realizou apresentações em diversos espaços culturais, entre eles:
- Teatro Sadler´s Well, The Place , Teatro Wimbledon, Drury Lane Festival internacional de Dança Leicester em Londres na Inglaterra;
- Friedrichstadtpalast em Berlin na Alemanha;
- Teatro Monumental em Madrid;
- Teatro de Champs Elysees, Festival Foire de Rouen, e Teatro Bobino na França;
- Teatro Carré na Holanda;
- Teatro Alborghallen Dublin na Irlanda;
- III Festival de Istanbul na Turquia;
- Teatro do Casino do Líbano;
- Teatro Oduduwa e Teatre Arts -Nigéria
- Em Salvador: Teatro Castro Alves, Museu do Ritmo, Teatro do Icba, Espaço Xisto Bahia,Teatro Vila Velha, Espaço Cultural da Barroquinha, Teatro Sesc-Senac Pelourinho e Teatro Gamboa Nova;
- Palácio das Artes- Belo Horizonte;
- Centro de Convivência Cultural de Campinas
- Auditório Ibirapuera, Centro Cultural Verguero, Espaço Cachuera- São Paulo;
- Espaço Clariô- Tabuão da Serra-SP;
- Teatro Solano Trindade- Embu das Artes-SP;
- Autora do livro Corpo e Ancestralidade uma proposta pluricultural de dança-arte-educação e da organização do livro Rituais e Linguagens da Cena: Trajetórias e pesquisas sobre Corpo e Ancestralidade.
Inaicyra em todos os campos que atua descortina uma forma de transcender como artista e acadêmica.
Trajetória
Foto: Arthur Ikisima
Foto: Arthur Ikisima